domingo, 13 de janeiro de 2008

Eu, a jornalista.



Ana Carolina Felipe Guimarães, jornalista, 25 anos, sonhadora e hoje uma contadora de histórias reais. Histórias, policiais, que na maioria das vezes entram em formato de flash, na programação da CBN Anhanguera, como nota seca no jornal Anhanguera, segunda Edição ou como um simples ponto de partida para o factual do O Popular e do Daqui. Na verdade sou uma quase jornalista, procurando o meu lugar como repórter, louca para sentir a adrenalina das ruas.


Não consigo recordar quando exatamente desejei ser jornalista. Em alguns momentos sonhava com a sedução e o fetiche da velocidade do jornalismo. A pressa da profissão e o “falso” controle sobre o tempo me encantavam. Lembro também, de olhar nos olhos do meu avô brilhando a cada nova edição de um telejornal, o entusiasmo dele com leitura matinal do jornal impresso. Quantas vezes meu avô guardou o almanaque para nos presentear nas noites de domingo e lendo aquele semanário infantil eu me envolvia com as histórias impressas. Hoje o jornal possui um gostinho de infância. A paixão dele pela notícia me contaminou. E o tempo nos tornou cúmplices. Eram anotações de boas frases e entrevistas bem conduzidas. Era a descoberta de que amando a mesma coisa poderíamos estar presentes no mesmo mundo.


Investigar, escrever, sonhar... Era um caminho sem volta traçado, misteriosamente, por mim e pelo meu avô. A principio ele não queria de forma alguma que eu escolhesse o jornalismo como profissão, pois sabia exatamente as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da comunicação. Felizmente, a minha paixão pelo jornalismo o contaminou, também, de tal forma, que passar no vestibular de uma Universidade Pública virou o nosso projeto. Depois de uma reprovação, na UnB e outra na UFG, o meu segundo vestibular, virou um acontecimento familiar. Foi por causa disso que quando retornei da prova, da segunda fase do vestibular da UFG, na tarde de um domingo do mês de dezembro de 2002, encontrei duas velas, uma azul e outra rosa, acesas na pia do banheiro da casa dos meus avos. Aquele gesto era a esperança dele, em relação a minha aprovação. Fazer jornalismo em uma Universidade Pública foi o primeiro e último presente que pude dar a ele em vida. A imagem daquelas velas é a lembrança de um avô carinhoso, da fé e do início da realização do meu sonho de ser Jornalista.


Na Universidade percebi que ele, o jornalismo, era um amante ardiloso e perigoso. Ali compreendia o porque da minha escolha ser definitiva. A minha paixão pelo impresso aumentou na universidade e triplicou depois do estágio na TV. Na TV se percebe que nem todos os jornalistas conseguem ser repórteres. Poder produzir uma matéria do nascimento até o último ponto é algo que me encanta no impresso. A escolha das fontes, o poder da investigação e forma autoral com a qual a idéia pode ser desenvolvida.


O desejo foi o maior combustível para minha escolha porque desejei ser jornalista para salvar o mundo de alguém e em alguns momentos acredito que salvei. Por enquanto não salvei o mundo das minhas fontes, ou dos meus personagens. Mas, salvei dois mundos que encontravam inspiração nos sonhos do outro. Desejei, aprendi e salvei o jornalismo amando. Amando tudo que era diferente e entendendo que todos precisam de seus momentos. Todos. Até mesmo, ele, o jornalismo. E agora eu preciso dos melhores momentos e das melhores histórias.

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