domingo, 27 de maio de 2012

Em busca da perfeição

Eu adoro cozinhar, melhor do que isto só mesmo quando posso me dar o luxo de procurar pelo prato perfeito, aquele com notas, sintonias, sabores e aromas que contam histórias e trazem até a mesa um verdadeiro banquete de emoções. Percorrer a Europa foi um pouco disto uma busca por uma imagem perfeita, um som, um aroma e um sentimento que pudessem ultrapassar qualquer coisa que meus sentidos já tivessem compreendido e interpretado.
Quem atravessa o Atlântico está em busca de suas raízes, de um espelho que explique alguns porquês ou que desnude algumas sombras que ficam ali guardadas em nossa alma. Ir até a Europa é uma forma de tentar reencontrar com a nossa humanidade e compreender um mundo tão igual e diferente ao mesmo tempo do nosso.
Paris
A globalização deixou muita coisa enlatada e por isto a sensação de pisar em Paris, pode ser as vezes um pouco piegas, ou incompleta.  É tudo tão artíficial que me senti, em alguns momentos, dentro de um filme americano.
Quanto a comida... Em Paris? Só mesmo a sopa de Cebola para salvar, exagero meu, mas a Sopa de cebola foi o mais surpreendente. Ela era a sopa mais deliciosa que já comi em toda minha vida. Uma sopa, com uma cama de pão, uma camada de queijo, gratinada no forno e pronta para ser apreciada. A sopa era divina.  O que estragou o momento foi um rato. O roedor apareceu no meio do restaurante, logo depois que havia comido a sopa e estragou meus planos de retornar ao Café Madaleine para tomar outro prato daquela Sopa. Resultado da presença do rato: Comi a sobremesa os pés para cima, enquanto o ratinho passeava, livrementem, pelo salão do restaurante. Acredite ninguém fez nada e o garçom ainda disse que era normal roedores nas ruas. Eu até vi alguns nas ruas de Paris. Voltando ao restaurante, o local era bem bacana, destes que você fica com muita vontade de entrar para conferir o cardápio, mas o roedor espantou qualquer vontade de retorno.
Portugal 
Minha busca acabou sendo mais completa em Portugal, onde os doces, as refeições da chamada cozinha mediterrânea são tão bem elaboradas que nos revela uma surpresa agradabilissima. Outra boa expectativa é em relação ao povo, os portugueses são muito amaveis. Eu não esperava nada de Lisboa e no entanto a cidade acabou sendo encantadora, principalmente quando fomos para Sintra, onde o bucólico fez parte de um universo paralelo no qual era possível sairmos do tempo presente e deslocarmos até o passado. Entrar em castelos, em palácios e percorrer jardins mágicos. Sintra é uma terra de sonhos que inspirou artistas e deixa qualquer turista entusiasmado por um retorno breve, principalmente depois de uma passagem na Piriquita, onde se come os Travesseiros de Sintra, uma iguaria local feita de amêndoas.
Roma
Mas meu coração ficou perdido em Roma. Despedaçado. Quando na praça de Navona eu me deparei com ramalhetes de girassóis, foi neste momento que soube que estava no lugar dos meus sonhos. Queria ficar uma vida inteira em Roma, percorrendo cada beco, me perdendo e me encontrando naquela cidade cheia de desencontros. Pisar em Roma foi mágico, parecia que estava em um universo parelelo, onde havia muito de Brasil. Eles são tão barulhentos e impacientes que lembra o nosso jeito de ser. Aquele caos de Roma era bem parecido com o turbilhão que estava vivendo. Tudo rodava na minha cabeça, o mundo estava acelerado e Roma é assim... Acelerada e tranquila, como aqueles girassóis. Ainda volto para a Itália.




sexta-feira, 25 de maio de 2012

Pamonha de vó


Quem nasceu em Goiás tem sempre uma história 'boa' para contar sobre as tardes perto de uma gamela de milho. Hoje em um destes papos de copa da redação a Karla Jayme e a Cláudia do Campo lembraram destes tempos de menina quando o dia mais feliz de todos eram aqueles quando todos os primos se reuniam junto com aquela infinidade de tias e tios para fazerem a tradicional pamonhada de família.

Um dia desses é daqueles bem festivos, onde todos os significados de família ganham significados. Até as briguinhas ficam esquecidas quando a memória busca o calor dos panelões que ficam no fogo aquecendo litros de água a espera das pamonhas. Os mais novos descascam o milho, os jovens limpam o milho, as tias lavam o milho e tiram todo aquele cabelo dele, depois entregam as espigas para os mais fortes ralarem o milho e deixarem o suco nas gamelas. A vó tempera a massa. E as mães montam as pamonhas. Uma sinfônia perfeita de integração entre uma família de sete filhos, 30 e tantos netos, alguns bisnetos e os tataranetos, bem, nesta época ainda nem existiam. 

As pamonhas borbulham no fogo. A meninada corre no quintal, brincam, assustam, empurram e emburram enquanto esperam pela pamonhada. Depois...
" Eu quero de doce...
"Deixa à moda pra mim".
 "Já não falei que a de sal é minha". 
Calma, gente tem pamonha para todo mundo", grita uma tia, que chega com uma travessa cheia de pamonhas fazendo a festa da família.

sábado, 19 de maio de 2012

Aniversário em Portugal

As férias foram rápidas e suficientes para serem inesquecíveis. A Europa é mesmo um continente iluminado de cultura, sabores, conhecimento e belezas. O melhor foi ter ficado alguns dias na casa de uma família portuguesa  e compartilhado com eles dias de trabalho, folga, almoços, aniversários e muito carinho. Saber que os nossos colonizadores são tão iguais e ao mesmo tempo diferentes de nós, foi gostoso,  pois me fez ver que o sentido de família é universal. O amor que temos por pai, mãe e irmãos não se congela com o clima gelado daquele continente, muito pelo contrário, os laços são tão fortes como os que conhecemos aqui. 
E é na mesa que toda esta confraternização ocorre. Como eles gostam de compartilhar os momentos com sabores. Acho que a cozinha lá é tão maravilhosa pelo círculo de amor formado entorno de uma mesa. É o vinho, o pão, o salame, o bacalhau, a sobremesa e tantas coisas para tornar aquele momento eterno que ficar próximo a mesa é um rito de paixão pela vida. 
A família que abriu sua casa para nós brasileiras, Ana e Amalia, tinha dois filhos fora de casa, Hugo e Alexandra. Os dois moram em outro país. Hugo na Inglaterra e Alexandra no Brasil, na casa dos meus avós, aqui em Goiania. Em momentos de festa Hugo e Alexandra moram na casa da irmã Ana, em Lisboa-Portugal, em cima da mesa pela janela da tecnologia, que os permite participar da refeição em família, cada um em uma ponta da mesa, em uma tela do computador. Eles compartilham, ao seu modo, daquele momento família, que os permite estar perto da mãe em mais um aniversário.