quinta-feira, 29 de maio de 2008

Meu anjo


“ ... Meu anjo, meu sonho
Meu Sol de verão
Me deixa, ser dono
Do seu coração”.
Hoje acordei desejando acreditar em sonhos, anjos e reencontros.

terça-feira, 29 de abril de 2008

EuEu

Sentimentos são mutações
Não têm gostos, não têm formas
Paisagem surrealista
Que crê amor
Que é fé impura
Vivem adormecidos, podres, imundos, miseráveis
São apenas desérticos
Perdidos mutantes
Buscando verdade:
Lágrimas, alegria, Lágrimas, alegria, Lágrimas
Sentimento mudo
Sentimento mundo, sub-imundo
Aprisiona
Aprisionando "eu_eu" aprisionando
Migrando ... perdidos mutantes
Eternamente "eu_eu" eternamente
Formando cristal que limpa a face
Cristal que corta,
Cristal que cicatriza,
Cristal da saudade...
...dos mutantes...
... dos perdidos mutantes ...
...dos sentimentos...
Sentimentos eueu sentidos.
Por : Ana Carolina Guimarães.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Retórica d`uma Essência


Quanta Essência
Gota d´água da minha espera
Ama,
Sofre.
Essência invisível do espaço do adeus
Enfeita a imagem do ser.
Longo,
vázio.
Tira a Essência
Salva o naufrago
o rosto,
o gosto.
Como nunca mais, pensa
Borda a Essência,
eterna,
calma.
Vai ver, sua Essência, sem essência
Essência funda, afunda, inunda.
a subessenciarização
dorme,
longe.
Individuo, maravilha sem Essência
imortal,
banal.
Distribui segredos
Essênciar
Humanizar a alma
Sentimento de resto
Esquece-o-u-resto
Gota Essência
Dissipa a perda
da presa Essência.
Por: Ana Carolina Guimarães
Existem coisas que jamais deixam de ser belas, em nosso pequeno universo. Palavras escritas na primeira infância são assim.

terça-feira, 25 de março de 2008

Beleza Impura



Uma visão médica da estética médica

Dizem os historiadores que o nosso padrão de beleza vem da Grécia antiga, provavelmente deve ser mesmo, mas sem dúvida ele já foi bastante modificado. Se eu encontrasse com a Vénus de Milo em uma balada precisaria de alguns chopps para “encarar” a moça. Mas uma coisa é fato, em qualquer época, o ser humano sempre fez o possível para ficar mais atraente e chamar atenção do sexo oposto. Seja por pinturas indígenas, argolas no pescoço, penteados exóticos ou silicones. E com a intervenção da mídia que impõe padrões cada vez mais esculturais, com seus atores que são “Beleza Pura” ou um batalhão de turbinadas e lipoaspiradas nos BBBs da vida, fica a impressão de que aquilo é o normal, logo a busca pela beleza é cada dia mais radical, afinal vale tudo para não ficar fora dos padrões.

E nessa guerra humana pela perfeição a medicina cada vez mais se junta a indústria da beleza. É a mesma medicina que durante séculos ficou a cargo de minimizar sofrimentos e curar enfermidades, agora age como se feiúra fosse doença, e talvez seja mesmo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, saúde é: “O estado de bem estar completo nos aspectos físicos, psíquico e social, e não simplesmente de mera ausência de enfermidade”. Logo se a feiúra traz para alguém algum quadro depressivo ou rejeição social podemos dizer que esta pessoa está doente, segundo a OMS (estaria eu doente?!), e nesse sentido a medicina realmente tem a obrigação de intervir. Essa é a desculpa dos “médicos estéticos” para justificar sua profissão. Claro que sabemos que este não é o principal estimulo que eles têm e que não precisa estar deprimido para convencer um médico a te aplicar botox ou colocar silicone.

No Brasil os esforços para “curar a feiúra” são tantos que chegamos ao topo da lista dos países que mais fazem cirurgia plástica e temos alguns dos melhores cirurgiões do mundo e a nossa indústria farmacêutica investe mais em pesquisa de cosméticos do que em desenvolvimento de antibióticos.

No meio médico os profissionais que atuam na estética são vistos da mesma forma que os políticos no dia a dia. É por isso, que são criticados pelo que fazem e invejados pelo tanto que trabalham e ganham. Os profissionais inseridos neste meio são: os cirurgiões plásticos, os dermatologistas e recentemente os médicos esteticistas, estes últimos são mais atacados que os outros, pois não tem sua “especialidade” reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina.
As criticas aos Doutores da beleza não param por aí e vários outros padrões éticos estão envolvidos. O mais visível é a publicidade médica, que tem no código de ética medica regras para ser realizado e, no entanto é comum vermos cirurgiões plásticos em tops shows exibindo as curvas de suas clientes. Neste caso o código condena qualquer tipo de exposição de pacientes para publicidade e aplica multa quando isso acontece, porém o retorno da propaganda vale o gasto com as multas.

Não existe uma maneira de diminuir essa busca pela beleza e todo modismo tende a ser substituído por um outro com o tempo. Como um dia a bunda perdeu o posto de preferência nacional para o silicone, talvez chegue o dia em que a moda seja ter uma Beleza Pura.


Ricardo Leandro Felipe é Aluno do 6º ano médico da Universidade Federal do Mato Grosso, meu primo e um profissional que tem opinião.

domingo, 16 de março de 2008

O menino da Praça




Antoniel Costa Pereira, 25 anos, vigia de obra e de carros. Quase todo dia se senta, em cima de um morro, na sombra de uma árvore, única, da praça que liga a rua T-30 a T-55, no setor Bueno. O menino-homem parece hipnotizado pelo gotejar de água que sai da construção e cai no bueiro. Sua pele morena se mistura com a cor da terra. Seu cheiro de terra, de suor e de pinga denuncia uma noite mal dormida.

Os olhos são brilhantes e falam da saudade de suas Anas. A filha, Ana Vitória, 4 anos, havia mudado com a mãe Ana Claúdia para o Piauí. O amor havia acabado e o silêncio da praça o permitia mergulhar fundo e até uma sesta arriscava ao céu aberto.


Estudou até a 5 série, é torcedor do flamengo e por isso usa sempre a camiseta do time, o boné vermelho e preto e as calças de sarja preta. É baixinho e tem um jeito moleque, quem o observa de longe, dá no máximo 17 anos. Para a polícia parece uma ameaça e para muitos alunos das escolas próximas, também. Está sempre ali esperando um carro para ser vigiado, umas moedas para melhorar o salário e alguém para bater um papo. “Sabe cabeça vazia é oficina do Satanás é por isso que as pessoas roubam. Ainda há pouco a polícia parou e pediu meus documentos e perguntou se eu não tinha passagem, falei que não. Graças a Deus. Mesmo assim eles consultaram meus documentos e logo me liberaram.”

Ele mora em Aparecida de Goiânia, no Setor Garavelo, mas geralmente dorme no barracão da obra. No meio da terra vermelha, dos buracos, da bicicleta velha, dos tijolos, da madeira, do teto baixo, do cheiro forte, da construção do sobrado. Aceita seu destino de garoto pobre, não parece ter ambições e não pretende voltar a estudar. Naquele momento a única e real preocupação é que a bomba não pare de sugar a água do lençol freático que é jogada no “ralo”. A água limpa e não aproveitada. A bomba não pode queimar. Ele parece só observar a água cair e sentir saudade das suas Anas.



segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Uma tarde de Sonhos


Olhou novamente, com um sentimento saudoso, a linha imaginária do encontro do oceano Atlântico com o azul celeste. Liberdade, era a primeira coisa que lhe passou na mente. Estava livre. Vestia um blusão branco, os pés, descalço, pisavam a areia, a brisa de fim de tarde e um monte de turista bebendo, comendo e rindo faziam parte do cenário da tarde inesquecível de segunda-feira.


Levou uma bolsa azul. Nela: uma caneta, protetor solar – fator 30, uma toalha verde, óculos escuros e uma chinela rosa.


Ansiosa, aguardava por um toque no celular. O telefone tocou, às cinco horas da tarde, para acabar com aflição. A moça, educada, entrou em contato para marcar a "famosa" entrevista do curso abril de jornalismo.


Naquele momento ter o texto aprovado significou um monte de coisas... Das coisas que sei é que aquela era a prova de que poderia continuar insistindo nos sonhos. Poderia buscar por novas inspirações e que os muitos nãos, daquele ano, poderiam se transforamar em sim(s). Precisava acreditar em alguma coisa. Sentia uma euforia que entrava em ebulição interior. Percebia que uma vida de sonhos não poderia ser uma vida de ilusões. Naquele momento, olhando o céu azul, sabia que havia feito a escolha certa, em 2000.


Os pés afundaram na areia e um grito interno ecoou nos olhos. O companheiro de viagem, o amigo, o namorado, parecia não compreender a extensão daquela felicidade, imediatamente boa. Ele perguntava o que era aquilo ? O que significa esse curso no ínicio de uma carreira de jornalista? Tentou explicar usando analogias com a carreira militar, não se sabe se ele entendeu.


Precisava anotar o endereço e os telefones de contato. Estava sem papel. A primeira sugestão: Anote na areia o endereço. Na areia, qualquer onda ou algum vendedor de muamba de praia, poderia apaga-los, antes mesmo de encontrar um papel e uma caneta. Escreveu no braço o endereço. Era no setor Comercial Norte, em Brasília, no edifício Word Brasília trade, na revista exame. Anotou. Ligou para casa, passou o endereço e pulou de alegria.


Pulou, correu na areia, jogou água salgada para o ar e sorriu infinitamente de felicidade. Era um dia mágico, um dia inesquecível. Um daqueles poucos momentos que nos fazem compreender o porquê de sermos o que somos. Talvez a resposta de um ano confuso, louco e extremamente produtivo.


Novembro de 2007 foi um daqueles momentos dos quais você deseja que exista eternamente. Hoje, ela sabe que no dia do aniversário, o universo mudou. Agora, uma nova vida, um novo homem e principalmente que existem uma enxurrada de desejos para serem satisfeitos.


Não fiz o curso Abril, mas refiz minhas esperanças.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Eu, a jornalista.



Ana Carolina Felipe Guimarães, jornalista, 25 anos, sonhadora e hoje uma contadora de histórias reais. Histórias, policiais, que na maioria das vezes entram em formato de flash, na programação da CBN Anhanguera, como nota seca no jornal Anhanguera, segunda Edição ou como um simples ponto de partida para o factual do O Popular e do Daqui. Na verdade sou uma quase jornalista, procurando o meu lugar como repórter, louca para sentir a adrenalina das ruas.


Não consigo recordar quando exatamente desejei ser jornalista. Em alguns momentos sonhava com a sedução e o fetiche da velocidade do jornalismo. A pressa da profissão e o “falso” controle sobre o tempo me encantavam. Lembro também, de olhar nos olhos do meu avô brilhando a cada nova edição de um telejornal, o entusiasmo dele com leitura matinal do jornal impresso. Quantas vezes meu avô guardou o almanaque para nos presentear nas noites de domingo e lendo aquele semanário infantil eu me envolvia com as histórias impressas. Hoje o jornal possui um gostinho de infância. A paixão dele pela notícia me contaminou. E o tempo nos tornou cúmplices. Eram anotações de boas frases e entrevistas bem conduzidas. Era a descoberta de que amando a mesma coisa poderíamos estar presentes no mesmo mundo.


Investigar, escrever, sonhar... Era um caminho sem volta traçado, misteriosamente, por mim e pelo meu avô. A principio ele não queria de forma alguma que eu escolhesse o jornalismo como profissão, pois sabia exatamente as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da comunicação. Felizmente, a minha paixão pelo jornalismo o contaminou, também, de tal forma, que passar no vestibular de uma Universidade Pública virou o nosso projeto. Depois de uma reprovação, na UnB e outra na UFG, o meu segundo vestibular, virou um acontecimento familiar. Foi por causa disso que quando retornei da prova, da segunda fase do vestibular da UFG, na tarde de um domingo do mês de dezembro de 2002, encontrei duas velas, uma azul e outra rosa, acesas na pia do banheiro da casa dos meus avos. Aquele gesto era a esperança dele, em relação a minha aprovação. Fazer jornalismo em uma Universidade Pública foi o primeiro e último presente que pude dar a ele em vida. A imagem daquelas velas é a lembrança de um avô carinhoso, da fé e do início da realização do meu sonho de ser Jornalista.


Na Universidade percebi que ele, o jornalismo, era um amante ardiloso e perigoso. Ali compreendia o porque da minha escolha ser definitiva. A minha paixão pelo impresso aumentou na universidade e triplicou depois do estágio na TV. Na TV se percebe que nem todos os jornalistas conseguem ser repórteres. Poder produzir uma matéria do nascimento até o último ponto é algo que me encanta no impresso. A escolha das fontes, o poder da investigação e forma autoral com a qual a idéia pode ser desenvolvida.


O desejo foi o maior combustível para minha escolha porque desejei ser jornalista para salvar o mundo de alguém e em alguns momentos acredito que salvei. Por enquanto não salvei o mundo das minhas fontes, ou dos meus personagens. Mas, salvei dois mundos que encontravam inspiração nos sonhos do outro. Desejei, aprendi e salvei o jornalismo amando. Amando tudo que era diferente e entendendo que todos precisam de seus momentos. Todos. Até mesmo, ele, o jornalismo. E agora eu preciso dos melhores momentos e das melhores histórias.