domingo, 17 de janeiro de 2010

No bar

- Êh manim na hora que eles aceitarem cartão de crédito você tá enrolado?
A frase é de um amigo falando para o outro numa mesa de bar, depois que uma criança pediu uns trocados e ele respondeu que só tinha cartão de crédito.

A menina era alta, loira, cabelos presos num coque desarrumado, um pouco bonita, um pouco desajeitada, um pouco menina e outro tanto mulher. O rosto estava manchado de terra, suor e um pouco de tristeza.
Quem era ela? Sinceramente não sei.
Era pouco mais de zero hora, quando ela e os irmãos apareceram no bar. Eles, disseram que apenas queriam dinheiro para voltar para casa. Dessa vez nenhum deles tinham CDs ou DVDs piratas para vender, nem balinha e nem qualquer outra coisa. As mãos estavam vázias. Assim como estavam aqueles olhares. Entre eles uma outra brincadeira, um burburinho, uma piadinha, um sorrisinho.
Quem sabe a menina, alta, não sonha em ser modelo? Quem sabe o baixinho sorridente não quer ser o Ronaldinho? Ontem eles queriam apenas retornar...
E logo veio o rapaz cego. Ele se segura num pedaço de pau e passa de mesa em mesa a espera de uma ajuda. Cruel o destino! Cruel estarem aquelas horas na rua a espera da caridade ou da boa vontade dos bêbados da cidade.
É sabado e a única coisa que a maioria das pessoas precisam é esquecer. É o momento de ser um pouco mais egoísta e não ver o outro. Mas acabamos por ver o outro, porque eles fazem questão de serem vistos e ficamos nos culpando por não poder fazer muito.
Naquele mometo os tostões da carteira parecem ser o máximo que se pode fazer por eles.
Quem sabe a bela menina não ganhe as passarelas como destino e abandone a ruas.

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