quarta-feira, 20 de abril de 2011

Outros mundos

Sinto esta emergência de felicidade. Como se estivesse programada para viver intensamente cada segundo que me deram. E cada minuto não vivido parece reticências de um infinito e agora?
Conflitos todos temos, ontem, um moço me contava sobre sua indecisão de ficar com a atual namorada ou se entregar a uma nova paixão. A atual briga o tempo inteiro e a nova armou uma atmosfera de perfeição que o enfeitiçou. Paixão? Amor? Atração? Seja qual for a definição deste novo sentimento, sei que a única certeza do jovem é que ele não quer estar sozinho. Prefere a briga a dor da solidão, prefere a traição a incerteza de um adeus.
E foi vagando por um deserto que um outro amigo, encontrou oceanos e rios para se afogar em olhares e desejos de mulheres que estão mais no mundo que com ele. Carreira, solidão, segurança, insegurança, sentimento de posse. Este moço vaga entre duas ou três cidades, lugares aconchegantes, com cafés inesquecíveis e amores que continuam no estado do impossível.
E quando o sentimento vira uma linda lagoa azul? Um silêncio absoluto, onde as imagens de um pequeno ex-príncipe se fundem na alegria de um abraço aconchegante que se perde com a força das palavras frias. É duro acordar no paraíso e ter ao lado a completude do nada. Nos próximos dias taças e garrafas de vinho se tornam amigos necessários, pois sóbria é impossível que ela suporte.
Teve aquela amiga que acreditou na força e sinceridade de um único abraço. Como se ele pudesse levá-la ao paraíso, suprir demandas de sonhos e preencher o seu vazio existencial. Foram horas, dias e até semanas de um silêncio sufocante, como se o tempo tivesse se tornado amargura de uma dor, agora, completamente possível. Um pouco dramático, um tanto desiludida e outra pitada de realismo. E foi o tempo que cuidou de cicatrizar aquela expectativa infantil.
Outro que teve a cabeça nas nuvens foi o amigo que disse um oi num aeroporto, trocou o telefone e por fim empacotou a expectativa em uma daquelas malas de mão. Afinal, estar ou não ferido faz toda a diferença e o desejo da entrega naquele momento era real de ambas as partes. Como se pudessem se tocar meses depois e refazerem o encontro, em uma sala de embarque ou no saguão de um hotel. E as cenas de desejo ficaram congeladas até que um dia um novo encontro permita que o filme prossiga.
Entre dores e ilusões tem a história de uma mulher que desistiu dos homens. Ela confidenciou que sonha com um filho. Ela e seu bebê independente de ter ou não um pai presente, como se a felicidade tivesse contida em ser o mundo de alguém. A noite ela acordou com o choro da criança e o berço ainda continuava vazio.
* Fragmentos de histórias minhas e de amigos.

Um comentário:

Erika Lettry disse...

Que lindo isso. A verdade é que ninguém quer viver sozinho mesmo. Compartilhar a vida com alguém (e esse alguém pode ser tanta gente!) é muito bom. Beijim