quinta-feira, 4 de junho de 2009

A Virada


“A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás.Mas só pode ser vivida
olhando-se para frente.” ( Frase do filme : O Curioso Caso de Benjamin Button)

O buggy amarelo atravessou novamente o morro do careca. O morro mais famoso do litoral potiguar, na Praia de Ponta Negra. Lá existia um portal. O portal era como no desenho animado Caverna do Dragão, uma porta de retorno para “casa”. No desenho os meninos nunca voltavam para o tempo presente e consequentemente para suas casas e famílias. No meu sonho estávamos predestinados a retornar sempre para praia e Goiânia se perdia, logo em seguida o portal cuspia o buggy com toda família. Estávamos presos eternamente naquilo que se parecia com o paraíso e realmente era para muitos. Mas para minha família Natal se tornou um pesadelo que até hoje ecoa em nossas vidas.

Acordava e o sonho estava lá, de forma objetiva. Olhava ao meu redor e via aquela casa em que micos e “ratos gigantes”, respectivamente, procuravam comida e abrigo. A casa em que uma árvore de serigüela majestosa, se erguia no centro, ao lado do banheiro de vidro e de frente para quarto dos meus pais. Uma casa em que não havia piso, apenas tijolo aparente- nas paredes e chão. Janelas e portas de madeira. Parecia um museu perdido no tempo. Uma casa no meio de um pomar, em que se ouvia tambores e cantos afro, nas noites de quarta. Eramos vizinhos de um terreiro de umbanda que ficava nos fundos. Para uma crianças cantos apavorantes de rituais que na minha imaginação eram uma forma de chamar o demônio. O meu quarto o dos pesadelos, não era só meu, era dividido com minha irmã, meu irmão e com todos os hospedes, que vinham nos visitar. No quarto da casa estranha cabiam seis camas, três redes e alguns colchões no chão.
*** continua...

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